Cura da labirintite
“CURA” DA LABIRINTITE DO TIPO VERTIGEM POSTURAL PAROXÍSTICA BENIGNA
A causa mais comum de vertigem após os 50 anos de idade já pode ser curada de forma rápida e sem uso de medicamentos
A vertigem (sensação de que o ambiente ou o corpo está girando) posicional paroxística benigna (VPPB) é causada por um distúrbio biomecânico do labirinto vestibular, na qual um ou mais canais semicirculares são estimulados de forma inadequada, em determinadas movimentações e/ou posições da cabeça, resultando em breves episódios de vertigem nas mudanças de posição. A queixa característica é uma tontura intensa de caráter giratório à mudança de posição da cabeça, ao deitar-se, ao levantar-se ou ao olhar para cima inclinando a cabeça para trás, que pode se acompanhar de náuseas, vômitos e nistagmo.
Apesar de sua alta prevalência, a VPPB é pouco diagnosticada. É a causa mais comum de vertigem devido a uma disfunção vestibular periférica, representando cerca de 20% das causas de vertigem na população em geral e de 50% na população acima de 50 anos de idade. Estima-se que a sua prevalência seja de 107 casos por 100.000 habitantes/ano.
Esta disfunção ocorre sem motivo aparente na imensa maioria dos pacientes, mas pode ser secundária ao traumatismo da orelha interna, à labirintite, à neurite vestibular, à insuficiência circulatória na distribuição da artéria vestibular anterior, ao uso de medicamentos ototoxicos e à hidropsia endolinfatica, entre outras causas.
A vertigem e demais características clinicas da VPPB são provocadas por fragmentos de otolitos que se soltam da macula utricular e se deslocam para os receptores dos ductos semicirculares que acabam sendo ativados de forma anormal em determinadas posições da cabeça. Há duas teorias sobre o provável substrato fisiopatológico da VPPB: ductolitíase, que corresponde ao acúmulo de frações de otólitos que se encontram livres na corrente endolinfática de um dos ductos semicirculares e cupulolitíase, relacionada ao acúmulo de frações de otólitos aderidos à cúpula da crista ampolar de um dos ductos semicirculares.
A pesquisa do nistagmo de posicionamento (teste de Dix-Hallpike), monitorada pela videonistagmoscopia, permite, por meio do registro da direção e duração deste movimento ocular, a identificação do canal afetado, do labirinto lesado e a distinção entre cupulolitíase ou ductolitíase, orientando o seu tratamento.
Nos últimos anos, a aplicação de manobras específicas de reposicionamento de otólitos para o tratamento da VPPB tem despertado interesse especial, devido à sua fácil aplicabilidade e excelentes resultados. Tais manobras têm por finalidade a remoção dos fragmentos de otólitos localizados nos ductos ou cúpulas dos canais semicirculares em direção ao vestíbulo, seguindo um movimento ampulífugo. Como os fragmentos soltos na endolinfa possuem uma densidade maior que esta, podem ser movidos, de modo não-invasivo, por meio de uma seqüência de orientações da cabeça em relação à gravidade.
As estratégias de tratamento, baseadas no reposicionamento de otólitos, devem ser específicas para o canal semicircular afetado e seu substrato fisiopatológico.
Ao redor de 80% dos pacientes com litíase labiríntica ficam totalmente assintomáticos após apenas uma manobra de reposição de otólitos ficando totalmente livres de medicação antivertiginosa.
A cura pode chegar a 95% com a repetição da mesma manobra ou pelo uso de outras manobras com a mesma finalidade de reposicionar os fragmentos de otólitos para o utrículo.
Prof. Dr. Pedro Luis Cóser
A animação acima ilustra o mecanismo envolvido no deslocamento dos otólitos do utrículo (parte do labirinto sensível a detecção da força da gravidade e movimentos lineares) para o ducto semicircular posterior (parte do labirinto sensível aos movimentos rotatórios da cabeça)
A animação acima mostra como o reposicionamento dos otólitos pode ser realizado.
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Pedro Luis Cóser, Janeiro de 2011